A violência é uma realidade presente no imaginário dos colombianos. As montagens que as companhias teatrais colombianas trouxeram para a 5ª edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas são a expressão desse imaginário. Nove espetáculos inéditos no Brasil, além de uma instalação cenográfica, refletem a complexidade dos processos e tensões contemporâneas do país sul-americano.
O país, homenageado do Mirada, abre o festival nesta quarta (5) com Labio de Liebre, espetáculo da companhia Teatro Petra que aborda a demanda pelo reconhecimento de corpos e nomes de pessoas assassinadas e desaparecidas, a partir da história de um assassino assombrado por uma família que foi vítima da sua crueldade. Do mesmo grupo, o Mirada apresenta Cuando Estallan Las Paredes, que enfatiza as contradições de todas as partes envolvidas em um atentado terrorista. Os dois espetáculos são feitos de humor e ironia.
A companhia Mapa Teatro volta ao Brasil com o espetáculo La Despedida, abordando o fim do conflito armado entre o estado colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), além da instalação Topografias: Utopias e Distopias, um cinema drive-in dentro de uma selva, como se a Amazônia colombiana estivesse em plena Área de Convivência do Sesc Santos.
Os colombianos também marcam presença nas atividades formativas, em que o público tem a oportunidade de ouvir experiências, conhecer os processos criativos, refletir sobre o fazer teatral, dialogar com artistas, curadores, jornalistas e demais interessados.
Uma das mesas (A Memória Presentificada) discute a memória herdada dos governos totalitários nos países da América Latina, com participação de Fabio Rubiano Orjuela, diretor do Teatro Petra. Já a mesa Insurgência do Corpo, que analisa o corpo como matéria dramatúrgica, política e poética, terá o bailarino Jorge Bernal e o artista cênico Walter Antonio Cobos, junto com artistas de outras nacionalidades.
O ritmo colombiano e a ginga brasileira vão se encontrar na noite do próximo sábado (8), no Ponto de Encontro do Mirada. Com uma pesquisa de mais de 15 anos sobre o corpo negro, a Cia. Sansacroma realiza uma jam de dança com a Corporação Cultural Afro-Colombiana Sankofa, fundada pelo coreógrafo Rafael Palacios. A programação do espaço ainda conta com outras atrações colombianas, como a orquestra La Mambanegra, o bailarino Mauricio Flórez e o jazz contemporâneo da Quizumba Latina.
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André Venancio e Thais Amendola
Editores Web do Sesc