Plínio Marcos escancarou a violência, o abandono e a miséria na vida de um menino às margens da sociedade no livro Uma Reportagem Maldita – Querô, em 1976. Santista, o escritor e dramaturgo (1935-1999) partiu de suas observações sobre a periferia da cidade portuária para fazer um retrato de jovens sem esperanças. Mais de 40 anos depois, o destino que poderia ter sido cruel com muitos outros “Querôs” mudou, graças à atuação do instituto que leva o mesmo nome.
Fundado em 2006, o Instituto Querô nasceu a partir do filme homônimo dirigido por Carlos Cortez. Na ocasião, 40 jovens foram selecionados para uma imersão no universo audiovisual. Um deles foi Jefferson Paulino, que hoje é sócio-fundador da produtora Querô Filmes, que realiza diversos tipos de trabalho junto a egressos das oficinas do Instituto Querô.
Uma das últimas produções é o filme Sócrates, que relata a trajetória de um jovem negro de 15 anos, homossexual, morador da periferia da Baixada Santista, que precisa sobreviver por conta própria após a morte de sua mãe. O longa-metragem vai ter estreia mundial este mês em Los Angeles. Os 50 jovens que participaram da produção estão todos orgulhosos: é a primeira vez que uma produção da Querô Filmes é exibida fora do país.
Graças a diversos tipos de apoio para manter o projeto a custo zero para os alunos, o instituto promove, pelo menos uma vez por ano, a seleção e capacitação de estudantes de escolas públicas e periféricas da Baixada Santista.
No Mirada 2018, jovens do Querô estão cobrindo as atividades formativas. Munidos de câmeras, microfones, olhares curiosos e perguntas interessadas, oferecem ao público do festival um material rico e instigante.
Abaixo, segue o making of do trabalho deles na cobertura da vivência dos grupos Sansacroma e Sankofa, Poéticas do Corpo Negro, produzido pela equipe do Ponto Digital.
Livia Deodato, coordenadora do Ponto Digital Mirada 2018, e Alberto Cerri, editor web do Sesc